Publicar um texto é um jeito educado de dizer "me empresta seu peito porque a dor não tá cabendo mais no meu".




Me lembro como se fosse hoje daquele momento que era pra ser mágico;
eu ali naquela sala de espera, sentindo muita dor mas ansiosa pra ver a carinha dos meus anjinhos.
Me perguntando: ''será que vão ser parecidos, idênticos ou totalmente diferentes??''
Mal estava entrando na maternidade e já estava me imaginando saindo dela com dois bebês no colo.
Em casa já estava tudo arrumadinho e separado, as roupinhas cada qual em sua gaveta, as duas saídas de maternidade, enfim era tudo em dobro.

E já no centro cirúrgico depois de muitas tentativas para um parto normal sem sucesso,
o medico decidiu me anestesiar e fazer uma cesaria pois eu já estava muito fraca...
E depois de ter esgotado 
todas as minhas forças ainda não entendia por que era me tão difícil, parecia que eles não queria vir ao mundo, que queriam continuar ali dentro, protegidos em meu ventre.
E ao decorrer daquelas horas que pareciam não mais acabar, 
eu mesmo passando mal, vomitando e com falta de ar por conta da anestesia escutei uma voz que parecia ser de alguma enfermeira dizendo:
''HORA DO NASCIMENTO:  5:06 DA MANHÃ''
e em seguida escutei um chorinho cansado mas persistente.
Era o meu ''Gutinho'' sendo apresentado à vida.
e dois minutos depois escutei novamente dizer:
''HORA DO NASCIMENTO: 5:08 DA MANHÃ''
Esperei por alguns instantes mas não escutei o choro do meu outro bebê e assim o som do silêncio
predominou aquela sala  e naquele momento parecia que o mundo tinha parado
 e até hoje este silêncio habita no interior de minha alma.
Uma parte de mim se foi pra não mais voltar e isso dói, dói muito.
Sinceramente as vezes me pego se imaginando como tudo poderia ter sido
se nada disso tivesse acontecido. Imagino os dois aqui comigo, perfeitos ou não,
mas aqui e comigo.
Odeio quando me pego a pensar assim, mas as vezes é inevitável 
e não consigo controlar meus pensamentos nem tão pouco meus sentimentos então as
lágrimas rolam sem minha vontade.
Pois o que mais me dói é saber que não tive a oportunidade de ao menos ver o brilho de seus olhos,
e dizer-lhe por uma ultima vez o quanto ele foi amado e esperado e quanto ainda hoje ele faz 
falta em minha vida.
Hoje apenas tento encontrar forças em seu outro irmãozinho que ficou mas ainda sim sinto um fazio
como se uma parte de mim tivesse ido embora com ele.

Um comentário:

  1. Olá ja estou seguindo seu blog muito bom abraços
    http://blogandodemadrugada.blogspot.com/

    ResponderExcluir